– FESTIVAL PANORAMA – 2018– FESTIVAL PANORAMA – 2018

Respira

Um festival sobre o corpo, criado por artistas do corpo.

Um festival sobre o corpo, criado quando ainda não tinha nem Lei Rouanet.

Um festival sobre o corpo que nunca aceitou que o corpo não podia isso.

Que não podia aquilo. Um festival que começou sem saber que seria um festival.

Um festival sobre o corpo que nasceu num ano de impeachment e desde então já viu outro. Respira.

Um festival sobre o corpo e as artes do corpo, sobre os artistas do corpo e que usam o corpo para criar. Que são todos os artistas, na verdade.

Um festival que é chamado de cabeça muita vezes. Mas que segue preferindo ser cabeça do que ser sem cabeça. Que tem patrocinadores e parceiros fiéis que confiam e entendem a nossa cabeça. Mas nem sempre é fácil entender o Brasil e o Rio, e a nossa cabeça fica difícil de entender. Respira.

Um festival que acredita no encontro, na festa e na palavra. Mas só os encontros, as festas e as palavras que podem ser o que quiserem, quando quiserem, onde quiserem. Um festival que sempre quase não tem. Mas sempre tem. Respira. E tem de novo. Respira.

Um festival para quem não tem medo e não quer o mesmo. Feito por quem não tem medo nem faz mais do mesmo. Somos um corpo. Muitos corpos. E este ano, começamos na hora mais difícil.

Mas a gente já estava aqui antes e resiste. Respira.

Um festival que em 2018 convida a falar de amor, de respiração, de livros, de corpos diferentes, no Rio e no Brasil. Um festival que escolheu convidar outro festival, o Junta, mais jovem, que resiste e respira em Teresina, Piauí. Lá a chapa é mais quente que no Rio. Respira.

Um festival que abre quando uma parte do Brasil precisa se reinventar e redescobrir o outro. E só a coreografia e a dança nos fazem encostar no outro. Sentir o outro. Não é por acaso que neste momento em que começamos a 27ª existência-resistência do Panorama, a frase que nos conecta é um gesto coreográfico:

Ninguém solta a mão de ninguém. Respira.