E o Panorama 2019, vai ter?

Não vai.
Não vai ter espetáculo. Não vai ter festival de calendário, nem festa de abertura, nem patrocínio via leis de incentivo. Não vai ter reunião com secretario de cultura nem empréstimo bancário.
Ano passado o Panorama quase não teve.
Mas teve, como nos últimos 27 anos.
Mas este ano não vai ter Panorama 28.
Este ano vai ter um buraco.
E nós vamos olhar para o buraco.
Vamos parar de correr em volta do buraco. Vamos entender como o buraco se abriu e como podemos recriar a beira para, um dia, não ter mais buraco.
Não vamos dançar em volta do buraco. Não agora.
Agora vamos repensar tudo, as estratégias, as formas de fazer, os modos de existir e resistir.
Estamos juntos e vivos, e isso é muito. Mas não vamos cumprir tabela. Não vamos fazer o que deveria.
A história do Panorama sempre foi essa, de não fazer o que deveria nem o que era esperado. Vamos honrar essa história e não fazer qualquer coisa.
E por causa disso, temos muito a fazer agora.
Então, o que vai ter?
Vai ter em breve um mesão Panorama de dois dias para repensar tudo. Vai ter Panorama como festival convidado do Centre National de la Danse, em Paris, em março 2020, com dezenas de artistas brasileiros falando de passado, presente e futuro.
Vai ter Panorama 2020 no Brasil, um outro, um novo. Um que queremos, mas ainda nem sabemos como é.
E vamos juntos nos responsabilizar pelo vamos fazer.
O Panorama que vier será o que for urgente e necessário, e será feito por muitos, ou não será.
E vai ter horizonte, porque o Panorama é do Rio e aqui horizonte nunca falta. Obrigada a todos da família Panorama, de longe e de perto.
É essa história que construímos juntos, esse patrimônio da dança do Brasil, que nos permite parar agora e respirar novos ares.
Eles virão.
Daremos notícias em breve.

Nayse López
Diretora Artística